Protestos no Equador : quando um povo se levanta para defender o que é seu

Após um fim de semana em que as disputas políticas se desenrolaram no campo eleitoral e judicial – incluindo a convocação de uma consulta popular sobre a proibição de instalação de bases estrangeiras, o financiamento público de partidos e movimentos políticos e a proposta de um plebiscito para uma nova Assembleia Constituinte –, o cenário no Equador mudou radicalmente.

Após um fim de semana em que as disputas políticas se desenrolaram no campo eleitoral e judicial – incluindo a convocação de uma consulta popular sobre a proibição de instalação de bases estrangeiras, o financiamento público de partidos e movimentos políticos e a proposta de um plebiscito para uma nova Assembleia Constituinte –, o cenário no Equador mudou radicalmente.

Na noite de domingo, 21 de setembro, e na madrugada seguinte, milhares de pessoas dos povos e nacionalidades indígenas iniciaram o bloqueio das principais vias do país, especialmente nas regiões da serra norte e central.

Paralelamente, começaram a circular relatos preocupantes sobre um nível brutal de repressão ao longo do dia 22 de setembro. Comunidades de Otavalo, Cotacachi, Latacunga, Cayambe e Carchi foram as primeiras a iniciar ações no contexto do Levantamento Popular Plurinacional. Entre as exigências estão a ratificação do cumprimento das 10 reivindicações que motivaram os levantes de 2019 e 2022, a revogação imediata do aumento do preço do diesel e o fim do modelo neoliberal e extrativista do governo atual.

Enquanto isso, o presidente Daniel Noboa se atrincheirou com mais de 3 mil efetivos das forças especiais da Polícia e das Forças Armadas. A vice-presidente María José Pinto fez o mesmo em Otavalo, embora fontes externas tenham informado sua saída aérea da cidade devido à força dos protestos na região e à iminente perda de controle da área para os manifestantes.

Além disso, os canais oficiais da ECUARUNARI e da CONAIE reportaram pelo menos uma dezena de feridos, alguns por armas de fogo utilizadas pelas forças repressivas do Estado contra os manifestantes.

Em um país que sofre com uma onda terrível de violência – onde no próprio domingo ocorreu mais um massacre no presídio de Machala, localizado na costa equatoriana –, as prioridades de mobilização das forças repressivas foram direcionadas para a repressão daqueles que decidiram protestar pacificamente, mas que receberam uma resposta brutal das autoridades.

O governo chegou a bloquear contas bancárias de diversas organizações e líderes sociais sem autorização judicial prévia, o que evidencia os traços autoritários do atual governo equatoriano.

Fidel Viteri

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